ALL YOU NEED IS LOVE foi a canção inteiramente composta pelos Beatles para a primeira transmissão de tv ao vivo feita no mundo, no dia 25 de junho de 1967. LOVE LOVE LOVE, repetiam os rapazes, que eram ouvidos por 26 países de culturas e línguas diferentes. LOVE LOVE LOVE, um refrão revolucionário fácil de ser entendido e propagado. No inicio dos ensaios, Gabriel mandou um whatsapp para sua mãe, Zilma, perguntando o que os Beatles significaram para a sua geração; a pronta e emocionada resposta foi:
"Vivíamos entrincheirados dentro de nossos quartos, cerceados por padrões morais que nossos pais insistiam em acreditar, mas que não convenciam mais. Carregávamos um peso sem nenhum sentido nos ombros. De repente, começamos a ouvir um som vindo de muito longe invadindo nossos sonhos. As cortinas se abriram e o som era tão instigante que começamos a gritar - gritar tão alto que as paredes todas caíram. O espaço inteiro se abriu e começamos a cantar, a dançar e a rir. Podíamos então flutuar. O som percorreu o mundo e crianças, velhos e até adultos engravatados se divertiam juntos. Os quatro garotos de Liverpool trouxeram ao mundo sisudo o dom de acreditar que a vida podia ser mais do que aquilo. Bem-humorados e irreverentes, eles passaram a fazer parte das nossas vidas trazendo um clima de alegria, leveza e compartilhamento. A efervescência desse momento criou um campo propício ao que viria a seguir, quando os jovens promoveram mudanças comportamentais mais profundas na sociedade a partir da segunda metade dos anos 60”.
Não é fácil falar de nenhuma geração sem cair em alguma parcialidade. Sem essa pretensão, esperamos ter conseguido fazer uma obra o mais aberta possível para que você, nosso caro espectador, a complete.
Grupo 3 de Teatro
Mike Bartlett é um autor maiúsculo de nosso tempo e parece que vaisobreviver a ele. Nesse nosso segundo encontro - o primeiro foi emContrações- dá para sentir que seus propósitos teatrais e políticos estãomais maduros e refletidos, com muitos elementos, fatos, atos, tempos,palavras, pessoas e circunstâncias que se relacionam entre si formandoum conjunto que pode ser visto sob vários pontos de vista. Nada em LOVELOVE LOVEé uma afirmação ou uma tomada de posição; o que o autor fazé instaurar em cena um debate entre os membros de uma mesma família, explicitando suas relações sociais de geração e gênero. Faz um excelente teatro dramático e nele investiga o homem como poucos autores conseguem. Seu cenário é Londres, e Londres é aqui
Profissionalizou-se em 2004 pelo SATED. Em 2005 ingressou no CPT - Centro de Pesquisa Teatral do SESC, sob a direção de Antunes Filho. Em quatro anos de CPT, foi integrante do Núcleo de Cenografia e atuou nas montagens: O Canto de Gregório, A Pedra do Reino e Senhora dos Afogados. Em 2006, sob a orientação de Antunes, passou a desenvolver seu trabalho como diretor. Sua estreia profissional se deu com “O Céu 5 minutos antes da tempestade”, de Silvia Gomez. O espetáculo esteve em 2008 e foi nomeado para o Prêmio Qualidade Brasil de melhor espetáculo – drama. Em 2009, dirigiu o espetáculo “Celebração”, de Harold Pinter. Dirigiu e realizou a arquitetura cênica dos seguintes trabalhos: Um Verão Familiar”, “Rabbit”, (indicado ao Prêmio CPT de Teatro 2012 na categoria melhor direção), “Vestido De Noiva”, de Nelson Rodrigues (Prêmio Aplauso Brasil 2013 de arquitetura cênica). Em 2012, foi indicado ao Prêmio Shell na categoria especial “pela força performativa de seus experimentos”. Em 2014 estreou “Sit Down Drama”, de Michelle Ferreira (indicado ao Prêmio Shell de melhor direção). Em 2015 funda a Sociedade Líquida, projeto-provocação responsável pelos trabalhos: “Ludwig E Suas Irmãs”, de Thomas Bernhard; “Mantenha Fora Do Alcance Do Bebê”, de Silvia Gomez; “Fim de Partida”, de Samuel Beckett, pelo qual foi indicado ao prêmio APCA de melhor ator em 2016; “O Teste de Turing”, de Paulo Santoro, e “Refluxo”, de Angela Ribeiro. “Love, Love, Love”, de Mike Bartlett, estreado em janeiro de 2017 no Rio de Janeiro, ainda inédito em São Paulo, em parceria com o Grupo 3 de Teatro, é um de seus mais recentes trabalhos. Por este trabalho, Lenate foi também indicado em 2017 aos prêmios Shell e APTR de melhor direção, ambos no Rio de Janeiro.
Escrito pelo inglês Mike Bartlett, o drama, dirigido por Eric Lenate, mostra uma família desafiada pelas transformações políticas e comportamentais
Por Dirceu Alves Jr.
27 Mar 2018, 15h12 - Publicado em 27 Mar 2018, 15h11
O calendário teatral de 2018 mal deu a largada e já é possível afirmar que o espetáculo Love, Love, Love terá presença garantida entre os melhores da temporada. Escrito pelo inglês Mike Bartlett, o drama, dirigido por Eric Lenate, mostra uma família desafiada pelas transformações políticas e comportamentais estabelecidas durante mais de quatro décadas.
Em 1967, Sandra (interpretada por Débora Falabella) visita o apartamento do namorado, o certinho Henry (papel do expressivo Mateus Monteiro). Seu interesse, porém, recai sobre o irmão dele, Kenneth (o ator Alexandre Cioletti), um jovem curioso diante da efervescência da época.
O tempo salta para 1990, e o casamento de Sandra e Kenneth (agora vividos por Yara de Novaes e Augusto Madeira) ameaça desabar. Além das suspeitas de infidelidade, os dois, típicos representantes da classe média, não conseguem dialogar com os filhos, Rose (Débora) e Jamie (Cioletti). Nos dias atuais, a solitária Rose, perto dos 40 anos, tornou-se uma musicista frustrada e, disposta a acertar as contas com os pais, convoca uma reunião.
A consistente dramaturgia e a direção atenta de Lenate esfacelam os clichês característicos das abordagens geracionais. O público se vê diante de personagens em conflito e identificáveis, que abrem espaço a uma oportuna revisão histórica e cultural. O diretor concentra o foco nos intérpretes e surpreende no resultado extraído de cada um.
Débora se supera nas distintas composições da jovem Sandra e de Rose na adolescência e na fase adulta. No limite dos estereótipos, Alexandre Cioletti escapa ileso, assim como Madeira, muito bem como Kenneth. O grande destaque, no entanto, é Yara de Novaes, capaz de transmitir diferentes sentimentos como Sandra e, apoiada em sutilezas, divertir e incomodar o público em um desempenho marcante (130min). 14 anos. Estreou em 23/3/2018.
Fabiano Antunes
16/05/2018
Sucesso de público e crítica na temporada carioca, Love, Love, Love, de Mike Bartlett, tem sua estreia paulistana no palco do Teatro Vivo. Um programão daqueles que não dá pra perder! Com direção de Eric Lenate, a peça inédita no Brasil tem elenco formado por Débora Falabella, Yara de Novaes, Augusto Madeira, Mateus Monteiro e Alexandre Cioletti.
A adaptação da peça do dramaturgo britânico Mike Bartlett recebeu 12 indicações a prêmios, dentre eles, Prêmio Shell (melhor direção e melhor atriz – Yara de Novaes), e Prêmio APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro), nas categorias de melhores “espetáculo”, “atriz em papel protagonista” e “direção”. Em um retrato profundo, político e provocador sobre o momento em que vivemos, a peça cria uma reflexão sobre um embate entre diferentes gerações da mesma família. Tudo começa em 1967, na noite icônica em que os Beatles cantaram “All You Need Is Love” durante a primeira transmissão ao vivo de TV via satélite. A bela e sedutora Sandra, que acabou de ingressar na universidade, marcou um encontro com Henry, mas está mais interessada em seu irmão, Kenneth. Apesar disso, os dois se casam e têm dois filhos ao longo do tempo.
Em 1990, a família vive uma realidade confortável de classe média, embora o casamento esteja prestes a ruir e os pais negligenciem a criação das crianças. Em 2011, durante uma reunião de família a filha Rose, que já foi uma violonista promissora e está decepcionada com a vida aos 37 anos, lança sobre seus pais a responsabilidade pelo fracasso de sua geração.
Além de descrever as idiossincrasias da família de 1967 a 2014, a encenação discute como o ser humano é modificado pelo tempo em que vive. O espetáculo é o segundo texto de Bartlett. montado pelo Grupo 3 de Teatro. O primeiro foi a bem-sucedida adaptação de Grace Passô para “Contrações”, que, em 2013, conquistou sete prêmios, entre eles APCA, APTR, Questão de Crítica e Aplauso Brasil. Em sua busca de dois anos por textos de autores contemporâneos, a trupe encontrou “Love, Love, Love” antes mesmo de decidir encenar “Contrações”. Foi o impacto absoluto no público da primeira montagem que impulsionou a encenação da segunda, agora com a potente direção de Eric Lenate, que chamou a atenção do grupo graças à sua habilidade em dialogar profundamente com as obras que investiga, à sua sensibilidade para tratar o elenco e ao desenvolvimento uma estética radical em seus trabalhos.
Elenco: Augusto Madeira, Débora Falabella, Mateus Monteiro, Rafael Primot e Yara de Novaes
Texto: Mike Bartlett
Tradução: Maria Angela Fontes Frederico
Direção: Eric Lenate
Assistência de direção: Mateus Monteiro
Cenário: André Cortez
Cenógrafa assistente: Carol Bucek
Cenotécnica: José Alves da Hora
Estofamentos:Classicos Designer
Contrarregra: Marcinho Domingues
Figurino: Fabio Namatame
Assistente de figurino: Juliano Lopes
Produção de figurino: Rebecca Beolchi
Tratamento de cabelo: Spa Dios
Luz: Gabriel Fontes Paiva e André Prado
Operador de luz: Luiz Miguel
Trilha sonora: L.P. Daniel
Arranjos: L. P. Daniel e Renan Lima
Guitarras e baixos: Renan Lima
Bateria, demais instrumentos, gravação, mixagem e masterização: L. P. Daniel
Operador de som: Guilherme Ramos
Programação visual: Victor Bittow
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Fotos: Leekyung Kim e Pino Gomes
Produção Executiva: Raquel Duarte
Gestão de projeto: Luana Gorayeb
Direção de produção: Gabriel Fontes Paiva
Assistente de produção e camareiro: Jô Nascimento
Assistência administrativa: Rogério Prudêncio
Realização: Grupo 3 de Teatro
Grupo 3 de Teatro: Debora Falabella, Gabriel Fontes Paiva e Yara de Novaes
Agradecimentos: Ana Paula Csernick, André Acioli, Ary França, Bruno Mascarenhas, Carlos Gradim, Cynthia Falabella, Filipe Fehr, Frederico Pedreira, Jandira Rosa, Laura Newman, Marco A. Pâmio, Maria Regina de Almeida, Roberto Monteiro, Rafael Barcellos, Rafael Primot, Rafael e Pedro Rocha, Regiane Alves, Regina de Almeida e Silvia Gomes.